15 de agosto de 2012

A Bíblia

Hoje, iremos estudar de forma mais detalhada sobre o nosso maravilhoso Manual de Instruções da Vida, chamado Bíblia! Vamos olhar para a diversidade de suas designações; a classificação de seus livros; a formação da Bíblia e seu valor religioso.

A Bíblia

Bíblia é uma palavra de origem grega que significa “livros”. Daí que se deu o título Bíblia à coleção dos livros que, sendo de diversas origens, extensão e conteúdo, estão essencialmente unidos pelo significado religioso que têm para o povo de Israel e para todo o mundo cristão: unidade e diversidade que não se opõem entre si, mas que se completam para dar à Bíblia o seu especialíssimo caráter.

Diversidades de Designações

Desde tempos remotos, este livro sem igual tem sido conhecido com diferentes designações. Assim, os judeus, para os quais a Bíblia somente consta da parte que os cristãos conhecem como o Antigo Testamento, referem-se a ele como Lei, Profetas e Escritos (Lc 24:44), termos representativos de cada um dos blocos em que, para o Judaísmo, se divide o texto bíblico transmitido na língua hebraica:

(a) Lei (hebr. torah), que compreende os cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio;
(b) Profetas (hebr. nebiim), agrupados em:
Profetas anteriores: Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis
Profetas posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias;
(c) Escritos (hebr. ketubim): Jó, Salmos, Provérbios, Rute, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Lamentações, Ester, Daniel. Esdras, Neemias, 1 e 2 Crônicas.

O título referido, Lei, Profetas e Escritos, aparece reduzido em ocasiões como a Lei e os Profetas (Mt 5:17) ou, de modo mais singelo, a Lei (Jo 10.34).
No Cristianismo, com a incorporação dos livros do Novo Testamento e justamente a partir da maneira que ali são citadas passagens do Antigo, é comum referir-se à Bíblia como as Sagradas Escrituras ou, de forma alternativa, como a Sagrada Escritura, as Escrituras ou a Escritura (Mt 21.42; Jo 5.39; Rm 1.2). Frequentemente, com essa última designação mais breve, faz-se referência a alguma passagem bíblica concreta (Mc 12.10; Jo 19.24).
As locuções Antigo Testamento e Novo Testamento, respectivamente, no seu sentido de títulos respectivos da primeira e da segunda parte parte da Bíblia, começaram a ser utilizadas entre os cristãos no final do século II d.C. com base em textos como 2 Co 3.14. A palavra “testamento” representa aqui aliança ou pacto que Deus estabelece com seu povo: em primeiro lugar, a aliança com Israel (Êx 24.8; Sl 106.45); depois, a nova aliança anunciada pelos profetas e selada com o sangue de Jesus Cristo (Jr 31;31-34; Mt 26.28; Hb 10.29).

Classificação dos Livros da Bíblia

Os livros da Bíblia nem sempre são classificados na mesma ordem. Ainda hoje aparecem dispostos de maneiras distintas, seguindo para isso os critérios sustentados a esse respeito por diferentes tradições.
A versão de João Ferreira de Almeida, em todas as suas edições, tem-se sujeitado à norma de ordenar os livros de acordo com o seu caráter e conteúdo, na seguinte forma:

Antigo Testamento

(a) Literatura histórico-narrativa: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias, Ester;
(b) Literatura poética e sapiencial (ou de sabedoria): Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos;
(c) Literatura Profética:
Profetas maiores: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel
Profetas menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

Novo Testamento

(a) Literatura histórico-narrativa:
Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas, João
Atos dos Apóstolos;
(b) Literatura epistolar:
Epístolas paulinas: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito, Filemom
Epístolas aos Hebreus
Epístolas universais: Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João, Judas
(c) Literatura apocalíptica: Apocalipse (ou Revelação) de João

A Formação da Bíblia

Para compreender os distintos aspectos do processo de formação deste conjunto de livros que chamamos de Bíblia, é necessário atentar para o fato básico da sua divisão em duas grandes partes indissoluvelmente vinculadas entre si por razões culturais e espirituais: o Antigo Testamento e o Novo Testamento.

O Antigo Testamento recolhe e transmite a experiência religiosa do povo israelita desde as suas origens até a vinda de Jesus Cristo. Os livros que o compõem são o testemunho permanente da fé Israelita no único e verdadeiro Deus, Criador do universo. É o Deus que quis revelar-se de maneira especial na história do seu povo, guiando-o com a sua Lei, beneficiando-o com a aliança da sua graça e fazendo-o objeto das suas promessas. Passo a passo, Deus converteu o seu povo numa nação unida pela fé, sustentou-a e, em todo tempo, mostrou o caminho da justiça e santidade que devia seguir para que não perdesse a sua identidade como o povo escolhido. Assim, o Antigo Testamento documenta a história de Israel desde a perspectiva do sentimento religioso, mantém viva a expressão de adoração da sua fé através do culto de recolhe as instruções dos seus profetas e as inspiradas reflexões dos seus sábios e profetas.

O Novo Testamento é a referência definitiva da fé cristã. Nele, se encontram consignados os acontecimentos que deram origem à Igreja de Jesus Cristo, o Filho eterno de Deus. Os Evangelhos narram o nascimento de Jesus no tempo de Herodes, os seus atos e ensinamentos, a sua morte numa cruz por ordem de Pôncio Pilatos, governador da Judéia, e a sua ressurreição, depois da qual manifestou-se ao vivo àqueles que havia escolhido para que anunciassem a mensagem universal da salvação.
Está também no Novo Testamento o relato dos primeiros movimentos da expansão da fé cristã, como viveram e atuaram os primeiros discípulos e apóstolos, como nasceram e se desenvolveram as primeiras comunidades e como o Espírito Santo impulsionou os cristãos a darem testemunho da sua esperança em Jesus Cristo para todas as raças, nações e culturas.

O Processo de redigir, selecionar e compilar os textos da Bíblia prolongou-se pelo espaço de muitos séculos. Com o decorrer dos anos, foram desaparecendo os dados relativos à origem de grande parte dos livros, isto é, o momento em que os relatos e ensinamentos foram fixados por escrito, os quais até então e talvez durante muitas gerações tinham sido transmitidos oralmente.
Por outro lado, nesse longo e complexo processo de formação, é muito difícil e até mesmo impossível fixar os autores. Isso ocorre especialmente nos casos em que foram vários redatores que escreveram textos, os quais, posteriormente, foram compilados num único livro ou quando também na composição da literatura bíblica, são utilizados ou incluídos documentos da época (por exemplo: Nm 21.14; Js 10.13; Jd 14-15).

Valor Religioso da Bíblia

A Bíblia é, sem dúvida, um dos mais apreciados legados literários da humanidade. Contudo, o seu verdadeiro valor não se firma de maneira substancial no fato literário. A riqueza da Bíblia consiste no caráter essencialmente religioso da sua mensagem, que a transforma no livro sagrado por excelência, tanto para o povo de Israel quanto para a Igreja cristã.
Nessa coleção de livros, a Lei se apresenta como uma ordenação divina (Êx 20; Sl 119), os Profetas têm a consciência de serem os portadores de mensagens da parte de Deus (Is 6; Jr 1.2; Ez 2 – 3) e os Escritos ensinam que a verdadeira sabedoria encontra em Deus a sua origem (Pv 8:22-31).
Esses valores religiosos aparecem não só no título de Sagradas Escrituras, mas também na forma que Jesus e, em geral, os autores do Novo Testamento se referem ao Antigo, isto é, aos textos bíblicos escritos em épocas precedentes. Isso ocorre, por exemplo, quando lemos que Deus fala por meio dos profetas ou por meio de alguns dos outros livros (Mt 1.22; 2.15; Rm 1.2; 1 Co 9.9) ou quando os profetas aparecem como aquelas pessoas mediante as quais “se diz” algo ou “se anuncia” algum acontecimento, forma hebraica de expressar que é o próprio Deus quem diz ou anuncia (Mt 2.17; 3.3; 4.14); também quando se afirma a permanente autoridade das Escrituras (Mt 5.17-18; Jo 10.35; At 23.5), ou quando as relaciona especialmente com a ação do Espírito Santo (At 1.16; 28.25). Formas magistrais de expressar a convicção comum a todos os cristãos em relação ao valor das Escrituras são encontradas em passagens como 2 Tm 3.15-17 e 2 Pe 1.19-21.

A Igreja cristã, desde as suas origens, tem descoberto na mensagem do evangelho o mesmo valor da palavra de Deus e a mesma autoridade do Antigo Testamento (Mc 16.15-16; Lc 1.1-1-4; Jo 20.31; 1 Ts 2.3). Por isso, em 2 Pe 3.16, se equiparam as epístolas de “nosso amado irmão Paulo” (v. 15) às “demais Escrituras”. Gradativamente, a partir do séc. II d.C., foi sendo reconhecida aos 27 livros que formam o Novo Testamento a sua categoria de livros sagrados e, em consequência, a plenitude da sua autoridade definitiva e o seu valor religioso.
Tal reconhecimento, que implica o próprio tempo da presença, direção e inspiração do Espírito Santo na formação das Escrituras, não descarta, em absoluto, a atividade física e criativa das pessoas que redigiram os textos. Elas mesmas se referem a essa atividade em diversas ocasiões (Ec 1.13; Lc 1.1-4; 1 Co 15.1-3,11; Gl 6.11). A presença de numerosos autores materiais, é, precisamente, a causa extraordinária da riqueza de línguas, estilos, gêneros literários, conceitos culturais e reflexões teológicas que caracterizam a Bíblia.

Estudo extraído da Bíblia de Estudos Almeida

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